quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Braga domina mas não chega (1-3).


A melhor notícia da noite de Braga foi a vitória do Galatasaray na Roménia, deixando o segundo lugar à curta distância de um ponto. O Manchester United apurou-se na Pedreira, com frieza extrema, fruto de uma reta final avassaladora. O Sp. Braga encolheu-se, rendendo-se às evidências.
Alan colocou os arsenalistas em vantagem, fruto de uma boa hora de jogo. Foi-se a luz e a qualidade de jogos do Sp. Braga.Alex Ferguson, naquele jeito pouco interessado, mexeu o suficiente para virar o destino a seu favor. Quem tem Rooney, Van Persie e Chicharito, pode relaxar. Dúvidas apenas no 1-2, na grande penalidade que Nuno André Coelho terá cometido sobre Wayne Rooney.
José Peseiro manteve-se fiel aos seus princípios, apostando num onze voltado para a frente, liberto de amarras e preconceitos, capazes de se agigantar perante um Manchester United em contenção de gastos. De energias, entenda-se.
Sir Alex Ferguson, ao fim de 26 anos como técnico dos red devils, já reinventou a sua equipa por tantas vezes que chega a acreditar em impossibilidades, como um meio-campo em que Anderson, pesado, se dá ao luxo de jogar à frente de Ryan Giggs e Wayne Rooney.
O problema começava mais atrás, com uma defesa coxa, um lado direito remendado com Valencia como lateral e Smalling sem ritmo ao centro. Mais à frente, o tal triângulo pouco convencional, perigoso até, como se viria a provar.
O Estádio AXA veio abaixo com o golo do Sp. Braga. Literalmente. A luz, pelo menos. Tudo começou num roubo de bola de Custódio. Curiosamente, com o pé em riste, um lance passível de falta mas típico do futebol inglês, onde costuma passar com impunidade. Assim foi.
Custódio ganhou a posse e a bola sobrou para Alan. Este devolveu ao médio defensivo que, com um ligeiro toque, deixou o infeliz Jonny Evans fora do lance. O central acabou por derrubar o português, já na área. Grande penalidade aceitável. Remate forte de Alan, golo!
O Manchester United parecia surpreendido. Terminara a primeira metade com a sensação de dever cumprido. 60 por cento de posse de bola, segurança extrema no controlo da mesma em zonas ofensivas, perigo até. Durante largos minutos, o Sp. Braga andava atrás dela, com alguma inquietude.
Contudo, quando a balança virava, os arsenalistas aproveitavam os remendos pouco eficazes do lado inglês e ganhavam confiança. Éder, uma vez mais em bom plano, esteve perto do golo ao minuto 23.
Festa adiada em Braga, tudo à espera do momento que chegaria logo após o intervalo. Perto da hora de jogo, entra as celebrações intensas, a luz foi abaixo. Um ano após o apagão na receção ao Benfica (a 6 de novembro de 2011), o Estádio AXA voltou a ser afetado.
Durante longos doze minutos, toda a eletricidade da bancada norte desapareceu. Infeliz acaso numa noite de Liga dos Campeões, faltando apurar responsabilidades.
Regressou a luz, Alex Ferguson agradeceu a pausa e começou a mexer. Desta vez, de forma acertada. Nuno André Coelho ainda obrigou De Gea a bola defesa mas o United ia crescendo consideravelmente. Com a entrada de Van Persie, ganhou dimensão e aproximou-se do real valor.
Beto, no meio de nada, anunciou o desastre com uma saída completamente irrefletida. Van Persie fugia, é certo, mas para a esquerda. O holandês, letal como sempre, agradeceu e fez o empate. O Sp. Braga quebrava num par de instantes, sem tempo para respirar, ficando a reclamar da sua sorte.
Ao minuto 84, Wayne Rooney confirmou a reviravolta no marcador. Beto defendeu a primeira, Nuno André Coelho fez o carrinho e o inglês caiu com aproveitamento. O árbitro ficou indeciso, o tal auxiliar de linha fez-se útil mas considerou haver grande penalidade. Duvidoso. Penalty convertido, 1-2.
Peseiro, que não mexera até então, quis responder de pronto. Demasiado tarde. Chicharito ainda provou que a qualidade é um bem incomparável, com o terceiro golo em tempo de descontos.

José Peseiro: "Fizemos mais uma grande exibição, ainda mais completa do que em Old Trafford mas há sempre erros nos golos e aconteceram mais uma vez. É pena os jogadores terem de suportar esta amargura porque merecíamos outro resultado. Contra estas equipas, qualquer erro deixa-nos sempre ao dispor. Foi mais uma lição, já tínhamos aprendido em Inglaterra e hoje queríamos vencer. Na segunda parte, o United abriu-se e podíamos ter aproveitado os espaços para chegar ao segundo golo. Com o 2-0, podíamos ter gerido o resultado mas não conseguimos. Só dependemos de nós e acredito que podemos estar nos oitavos de final."

Beto: "Mais uma vez estivemos perto mas não chegou. Nos pormenores e nos detalhes, o Man. United acabou por ser mais eficaz e também foi feliz, porque não me parece que tenha sido penalty. Com o 1-1 a equipa ressentiu-se um pouco e com o 1-2, injusto em minha opinião, sentiu que seria muito difícil recuperar. Fica um amargo de boca porque jogámos cara a cara com um dos colossos do futebol mundial. Mas está tudo em aberto ainda."

Ruben Micael: "Entrámos muito bem. Na primeira parte o Man. United teve mais posse de bola mas tivemos as melhores oportunidades, saímos muito bem no contra-ataque. Na segunda parte voltámos a começar bem, marcámos o golo mas infelizmente a queda da luz foi boa para eles. Nos últimos dez minutos cometemos erros e perdemos. Jogar contra uma equipa destas e cometer erros como cometemos é inadmissível. O Beto não tem culpa. Culpados somos todos nós que deixámos sair, desde trás, o Man. United com a bola controlada. Culpados somos todos... O Man. United joga sempre para ganhar em qualquer campo. Neste momento temos três pontos, as outras equipas (Galatasaray e Cluj) têm quatro pontos e vamos jogar com elas."

Alan: "Apesar de tudo fizemos um bom jogo. Em dez minutos tivemos erros que contra este tipo de equipas não podemos cometer. Um jogo com o Man. United nunca está controlado, podíamos ter marcado um segundo golo, temos que levantar a cabeça e acreditar. Jogámos um bom futebol e apesar da derrota a equipa deu tudo."

Anderson: "Não me custa reconhecer que o Sporting de Braga controlou a maior parte do jogo e que até teve várias oportunidades para construir um resultado maior. Mas o futebol tem disto: quem não mete a bola lá dentro, arrisca-se a perder. Já sabíamos que íamos defrontar um adversário difícil. Estamos, naturalmente, satisfeitos com o apuramento."

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