sábado, 26 de setembro de 2009

LÍDEEEEEER!!!!!!


E vão seis! O líder do campeonato segue de vento em popa, mas ontem só no período de descontos chegou à vitória, por obra e graça de Alan, que ultimamente tem sido o abono de família da turma bracarense. O brasileiro voltou a marcar depois de já ter oferecido os três pontos na jornada anterior, contra o FC Porto.

O golo do avançado brasileiro surgiu quando já poucos esperavam, convenhamos, que se marcasse um golo no José Arcanjo, mas a persistência dos minhotos acabou por ser premiada numa altura em que o Olhanense, a actuar só com dez elementos desde os derradeiros instantes da primeira parte, implorava pelo apito final.

Não foi brilhante, a actuação do Braga, e Domingos, mesmo com mais uma unidade em campo, não arriscou por aí além. A troca de Meyong por Adriano (estreia na Liga), avançado por avançado, é a melhor prova dessa opção. No final, porém, contam os números, sendo indiscutível a superioridade dos líderes, que durante a segunda parte ameaçaram constantemente a baliza de Bruno Veríssimo.

Os algarvios responderam de igual para igual em todo o período inicial (um remate à trave de cada uma das equipas), mas a partir do momento em que Ventura cometeu o penálti e foi expulso, o conjunto ressentiu-se e praticamente deixou de contra-atacar com tanto a-propósito como o fizera até então.

Seja como for, e a exemplo do sucedido com a Académica (venceu 2-1 com menos dois em campo), o Olhanense fez das tripas coração para deter a avalancha, quase sempre comandada por João Pereira e Alan. Os lances mais perigosos nasceram do corredor direito do ataque bracarense, só que Bruno Veríssimo foi impedindo o golo de Alan, Adriano e companhia - até ao tal cruzamento de Hugo Viana, este do lado esquerdo, com peso, conta e medida para a conclusão do número 30, que já fora decisivo, repita-se, no jogo com os dragões.

O líder está bem e recomenda-se, e Domingos Paciência tem mais uma distinção para a folha de registo: o Braga nunca vencera no campo do Olhanense.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Rivais de sempre


Há quem passe na portagem da A11, que liga Braga e Guimarães, e mostre o passaporte à senhora do guiché, que cansada da mesma piada, revira os olhos e suspira enfadada. Mais adiante lê-se "Guimarães é Espanha", e outras coisas menos próprias, numa placa que anuncia o fim da concessão e início da cidade-berço. A referência ao país vizinho foi acrescentada com spray numa letra muito torta. E, mal chegam à cidade, os bracarenses mais despeitados começam a pedir tapas e tortilhas em cada café que entram. E, pronto, assim começa um dia de dérbi. Com as piadinhas do costume, acabando nas habituais cenas de pancadaria e autocarros partidos. Tudo sob o olhar da antiga muralha, onde permanece escrito e sem se deixar afectar pelo tempo: "Aqui nasceu Portugal". A rivalidade entre as duas cidades minhotas já tem cerca de mil anos, mas esta última ideia de chamar espanhóis aos vimaranenses tem menos de duas décadas. Nos anos 90, depois do Vitória ter perdido contra a equipa rival, os adeptos furiosos incendiaram o carro do árbitro. Na jornada seguinte e depois de terem perdido a oportunidade de acederem à Taça UEFA, tudo sob fortes suspeitas de terem sido prejudicados, um adepto mais destemperado apresentou um cartaz onde se podia ler: "Para sermos tratados assim, mais vale sermos espanhóis". O epíteto pegou e desde então assim foram baptizados. A retaliação veio depois, e os bracarenses marroquinos ficaram. "Um vimaranense ama a sua cidade", diz Carlos Ribeiro, de 24 anos, que apesar das raízes bem fincadas em Guimarães, foi "obrigado" a ir estudar para Braga. "Nós somos muito mais apegados à cidade, muito mais bairristas. Em Braga as pessoas parecem mais desligadas. O amor pelo Vitória é um amor verdadeiro, nunca fazemos de mais pelo nosso clube." E o de mais até pode parecer insólito. Pedro Ribeiro, doutorando na área de Inteligência Artificial e ex-presidente da Associação Vitória Sempre, conseguiu pôr um cão-robô a fazer vénias e a cantar o hino do clube. "A paixão é tão grande que chega a misturar- -se em questões profissionais. E achei que era mais eficaz o meu filho aprender o hino assim, do que me ouvir a cantar", ri. "É também uma forma de mostrarmos aos jogadores que estamos sempre com eles." A decepção dos vimaranenses, que andam doentes com o Braga em primeiro lugar no campeonato, contrasta com a felicidade da dona Amélia que, nos seus 73 anos, vai com o seu "Braguinha" para todo o lado. "Amanhã [hoje] vou ao cabeleireiro e depois na sexta-feira lá vou eu para para Olhão. Faço bem, não acha? Sou viúva há 24 anos, tenho mais é que gozar a vida. Quando o Braga jogava nos Peões eu ia da ponte de São João a pé para lá. Ainda era um esticão, mas enquanto tiver saudinha, lá vou eu. O Braga é a minha família, o meu coração. E ai, Jesus, não quero morrer sem o ver ganhar", diz sem parar de rir. A dona Amélia acompanha a claque feminina e é rara a vez em que não aparece na televisão em dia de jogo. A história Diz-se que a polémica rivalidade se deu por causa de padres. Ao que parece o conde D. Henrique instalou-se em Guimarães e deu regalias à terra. O arcebispo de Braga não gostou da diferença de trato e escreveu ao Papa Inocêncio III a reclamar. Os vimaranenses queimaram tudo o que viram e os bracarenses correram com eles à pedrada. Rivalidades à parte, todos concordam no mesmo aspecto. Um dérbi Sp. Braga-Vitória de Guimarães não seria a mesma coisa "se não houvesse esta rivalidade tão caricata".

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

LÍDEEEEER!!!!!


Alan foi a figura do jogo em que o Sporting de Braga venceu o FC Porto ao apontar o golo solitário que permitiu aos arsenalistas manter a liderança da Liga Sagres e a carreira 100 por cento vitoriosa no campeonato. E, no dia do 30.º aniversário, o brasileiro não escondeu que este foi uma noite perfeita.

"É sim, é o prémio de quem trabalha, não só eu, que fiz golo, mas também de toda a equipa, que está de parabéns. Dedico o golo à minha esposa e ao meu pai, que está no Brasil e que me está a ver", começou por referir o avançado, em declarações à Sport TV.

Quanto ao golo, Alan admitiu que a bola sofreu um desvio e surpreendeu guardião portista. "Já conheço o Helton, ia fazer um cruzamento tenso e tive a felicidade de a bola desviar no adversário e enganar o Helton. Vamos continuar a trabalhar, acima de tudo temos de ser humildes, que é o mais importante", acrescentou.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

LÍDEEEER!!!!


Antes de mais é obrigatório dizer ao leitor que, apesar de todas as ocorrências que serão em seguida relatadas, a vitória do Braga não é assim tão complexa de explicar. Pelo contrário. O Braga venceu, porque foi melhor em todos os capítulos do jogo, e nem os maritimistas mais ferrenhos ousarão discordar. De um lado, estiveram centrais maduros, do outro, quase; de um lado, jogaram laterais empreendedores, do outro, passadores; o Braga fez circular a bola, o Marítimo correu com ela; os visitantes foram organizados, os anfitriões jogaram ao sabor do vento.

Apesar de tudo, não foi fácil segurar os três pontos. E se a qualidade de jogo pode ser imputada a Domingos Paciência, o verdadeiro mérito do triunfo reparte-se pelos 14 guerreiros que pisaram a relva. Foram destemidos a cada obstáculo, guerreiros a cada momento e campeões na atitude. A liderança, recuperada após o triunfo do FC Porto, é justíssima.

O primeiro obstáculo foi o golo madrugador (quase tanto como o horário do jogo) de Miguel Ângelo. O segundo a lesão de Hugo Viana, que obrigou à entrada de Madrid e ao recuo das pedras numa fase em que elas deviam avançar. A trave não quis ficar atrás e também dificultou, ainda que Fernando Cardozo tivesse devolvido alguma sorte aos forasteiros no golo do empate. Seguiram-se nova lesão (Rodriguez) e mais uma substituição queimada ainda no primeiro tempo.

Mesmo com o azar longe de terminar, louvor seja dado a quem, entre segurar o ponto e igualar os dragões no topo ou procurar a vitória abrindo espaços à derrota, escolheu a segunda hipótese. De mangas arregaçadas, os guerreiros não desistiram a cada bom lance que desperdiçaram. A escolha estava feita: com tanta insistência, o Braga teria de marcar. Fê-lo da forma mais improvável: penálti aparentemente inexistente, só que a justiça divina assim pedia.

Quanto ao Marítimo, fica a sensação de não estar ainda integrado no sistema de jogo escolhido. Os médios são estáticos, e não existe compensação. E não foi por jogar de manhã, até porque não se notou fadiga nos homens da frente. Chama-se dinâmica. Neste caso, falta dela.