segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Braga distancia-se do 3ºlugar.


Quem disse que esta Liga é só FC Porto e Benfica? Na luta pelo terceiro lugar, Braga e Paços protagonizaram um grande espetáculo, nem sempre bem jogado, mas bem interessante de seguir, pela indefinição no marcador até ao fim.
E atenção a este Paços: pode mesmo ser candidato à terceira vaga para a Champions, contra todas as previsões que se pudessem fazer no início da temporada.
Paulo Fonseca, um dos treinadores a seguir nos próximos tempos no futebol português, montou uma equipa sustentada, equilibrada, inteligente e que não se atemoriza com o nome do adversário.
É certo que a tarefa pacense acabou por ser facilitada por um Sp. Braga inseguro, por vezes descompensado, até irreconhecível. O estigma do falhanço da época, mesmo com o terceiro lugar à vista em temporada de «demissão sportinguista» parece estar a tolher as potencialidades dos Guerreiros do Minho.
Os rumores, nas últimas semanas, de que José Peseiro poderá ter o seu lugar em risco aumentaram fortemente durante o encontro: a cada golo pacense, eram cada vez mais as vozes que ecoavam, das bancadas, a exigir a saída do técnico bracarense.
Braga e Paços partiam para este embate com um ponto a separá-los. A vantagem era dos «castores» e, talvez por isso, os primeiros minutos mostraram um Braga mais arrojado.
Só que rapidamente se percebeu que a noite não iria ser fácil para os arsenalistas. As jogadas não saíam. O perigo não surgia. O adversário não só não se assustava, como dava mostras de querer explorar o contra-ataque.
E foi com essa receita que o Paços chegou à vantagem. Hurtado, de cabeça, «inventou» um golo.
O Braga demorou a reagir, sentiu os assobios das bancadas, entristeceu. Agradeceu o conjunto visitante, que ainda antes do intervalo aumentou para o 0-2... quase da mesma forma: contra-ataque rápido, golo de cabeça de Hurtado.
Ainda faltavam 45 minutos, mas já pairava no ar mas uma sensação de tragédia no lado bracarense.
Mais confiante, o Paços manteve a postura no segundo tempo. E quase resolveu a questão quando, após belo centro de Diogo Figueiras, Cícero (em mais um golo de cabeça!) somou o 0-3. O tom das críticas começava a ser insuportável e José Peseiro punha, também ele, as mãos na cabeça.
Mas, numa ronda em que os grandes se mostraram abaixo do que valem e só empataram, este Braga-Paços estava mesmo destinado a ser o duelo da jornada.
A equipa da casa encheu-se de brios e em poucos minutos reduziu para 2-3. Salino e Éder acabaram com a malapata (tantas oportunidades falhadas antes pelo avançado!) e conseguiram reduzir para a diferença mínima.
Esperava uma meia-hora final de loucos, mas o Paços voltou a mostrar o que vale e soube gerir a escassa vantagem, com um futebol pensado, temperando os ímpetos ofensivos dos bracarenses.
O resultado final acabou, assim, por ser o mesmo de 2005/2006, para a Liga, e de 2010/2011, para a Taça da Liga: 2-3 para os pacenses.
Paços sério candidato à Champions, quem diria?

*Os adeptos do Paços de Ferreira que esta segunda-feira se deslocaram ao Estádio Axa, para assistir ao encontro da 18.ª jornada da Liga com o SC Braga, foram obrigados a abandonar as bancadas na sequência da invasão da zona destinada aos apoiantes da equipa visitante por parte de simpatizantes do SC Braga.
O segundo golo da equipa pacense, apontado por Hurtado à passagem do minuto 38 – o avançado peruano inaugurara o marcador aos 17 minutos -, levou ao delírio os apoiantes da equipa da Mata Real e semeou a ira em algumas dezenas de apaniguados do SC Braga, que correram na direção da bancada destinada aos adeptos visitantes, arremessando cadeiras e chegando mesmo a perpetrar agressões.
Os adeptos do Paços de Ferreira viram-se obrigados a abandonar as bancadas e a deslocar-se para a zona circundante ao relvado, refugiando-se alguns deles atrás da baliza defendida por Quim.*
VERGONHOSO !

António Salvador: "Este plantel tem de estar motivado. Há uma coisa que nesta casa é sagrada: o ordenado ao fim do mês, ao dia certo. Por isso, não há que estar desmotivado; há que trabalhar porque esta é a profissão deles. Temos tido alguns contratempos, muitas lesões e alterações na equipa, o que faz com que a equipa não tenha a consistência que deve ter. Mas isso não é tudo. Jogam onze contra onze e há uma coisa que temos de ter sempre: atitude dentro de campo. [sobre as agressões aos adeptos pacenses] São situações que não deveriam acontecer no futebol. É de lamentar o que aconteceu e condenar os adeptos que tiveram essa atitude, que não pode voltar a acontecer. Peço desde já desculpa à Direção do Paços de Ferreira e à claque. São atitudes lamentáveis que não podem voltar a acontecer. Somos adeptos ordeiros, mas certamente teremos de repensar o policiamento nos jogos. Toda esta situação talvez também tenha acontecido por insinuações da claque do Paços de Ferreira. As coisas não correram bem e há que lamentar o sucedido.O resultado é mau, obviamente. Não nos agrada. O Paços de Ferreira teve uma eficácia total, dispôs de três oportunidades e fez três golos. Infelizmente, os dois golos que marcámos não chegaram. Agora, o SC Braga não pode ter uma primeira parte como esta. Quando assim é, acontece o que aconteceu. Acredito nestes jogadores e no treinador. Acredito que vamos cumprir o objetivo mínimo que traçámos no início da época, que é o terceiro lugar. Compreendo a mágoa dos adeptos e dos sócios, mas não vale a pena mostrar lenços brancos nem assobiar. Quero deixar aqui uma garantia bem patente: o treinador vai acabar o Campeonato e conseguir o objetivo mínimo.Já não vai depender de nós, teremos de esperar que o opositor que vai à nossa frente perca pontos e certamente irá perder mais pontos que nós até final do Campeonato, e o terceiro lugar vai ser conseguido."

Hugo Viana: "Não há justificação. Há que levantar a cabeça e não pensar no jogo que fizemos. Acima de tudo não fomos eficazes e o Paços de Ferreira teve mérito na forma como chegou à vantagem. Se tivéssemos sido eficazes o resultado seria outro. Demonstrámos ser uma equipa forte psicologicamente ao reagir a uma desvantagem de 0-3, em casa. No final faltaram-nos as forças e também um pouco de sorte. Temos entrado com toda a motivação e garra, a equipa quer e esforça-se. Já passámos por boas fases, em que se calhar em alguns jogos não merecíamos ganhar e tivemos alguma sorte. Agora estamos a passar a o reverso da medalha. A culpa é dos jogadores e não do treinador, somos nós que estamos lá dentro e não conseguimos fazer o que já fizemos no passado. [sobre os lenços brancos no final do jogo] É normal. Os nossos adeptos são fervorosos, adoram ver a sua equipa a ganhar e quando isso não acontece é normal que reajam assim. Temos de ser nós, que vamos lá para dentro, a virar esta situação."

Nenhum comentário: