segunda-feira, 6 de junho de 2011

Entrevista Vandinho


Acredita que o Braga alguma vez poderá quebrar a hegemonia dos três grandes?

Claro que sim. Tal como na época passada, nesta voltou a demonstrar o seu valor e, se algum dia o Braga for campeão, faço questão de fazer parte dessa festa.

Pondera voltar um dia ao Braga, eventualmente noutras funções?

Neste momento, só penso em dar continuidade ao meu trabalho, pois ainda pretendo jogar mais alguns anos e continuar a dar alegrias dentro do gramado aos adeptos do futebol. Depois, quando acabar, volto para Portugal, porque tenho a minha vida toda organizada aqui, tenho casa cá... Vou voltar de certeza.

Em que área se vê a trabalhar quando terminar a carreira?

Ainda não parei para pensar nisso. No entanto, é sempre importante dar continuidade ao que fiz a minha vida toda.

Um dos momentos que marcaram estes nove anos do Vandinho em Portugal foi o castigo de três meses que lhe foi aplicado pela Comissão Disciplinar [CD] da Liga em 2009/10. Acha que fez algo para o merecer?

Penso que não. Sinceramente, até hoje ainda não percebi muito bem o que é que eles acham que eu fiz. E isso deixou-me muito triste. Foi um dos momentos mais tristes da minha carreira. Se tivesse cometido algum erro, teria aceitado numa boa, porque quando erramos, temos de reconhecer os nossos erros. Mas não fiz nada. Felizmente tive a ajuda de várias pessoas no Braga, entre as quais o míster Domingos, e foi isso que me fortaleceu.

Sente-se injustiçado com a decisão?

Sinto! Não merecia o que me fizeram. No entanto, respeito as pessoas que decidiram castigar-me e hoje esse assunto faz parte do passado, até porque já voltei a jogar, já realizei mais uma época, e o Braga foi muito feliz ao longo desse tempo.

Acha que, consigo, o Braga poderia ter sido campeão?

Não sei. Uma coisa é certa: até aí, a equipa vinha jogando de uma forma certinha. De qualquer forma, Madrid ocupou muito bem aquele espaço, enquanto eu estive castigado.

Festejou de forma efusiva o golo que marcou no Estádio da Luz, nas meias-finais da Liga Europa. Foi uma forma de libertar algum sentimento de revolta que tinha contra o Benfica, e Raul José em particular?

Não guardo mágoa de ninguém. Festejei assim porque tive a noção de que o golo poderia ser muito importante. Felizmente ajudou-nos a chegar à final da Liga Europa, tal como o que Custódio marcou em casa. Aliás, Custódio é um jogador que respeito muito, e tenho a certeza de que vai dar muitas alegrias aos bracarenses.

Do relatório divulgado pela CD, constava que o Vandinho tinha dito durante o inquérito que não conhecia o adjunto de Jorge Jesus. Está arrependido de ter dito isso?

Sinceramente, ainda hoje comento com as pessoas que não tem qualquer fundamento trabalhar com um profissional durante uma época e passados três ou quatro meses dizer que não o conheço. Nunca disse isso, pois não havia motivos para tal. Aliás, de todos os que faziam parte dessa equipa técnica, era com ele que me relacionava melhor.

Voltou a falar com Raul José depois desse caso?

Não, porque só fui a Lisboa em trabalho.


Quando há nove anos deixou o Brasil, esperava ficar tanto tempo em Portugal?

Quando se muda de país, é sempre complicado no início, mas o Rio Ave acolheu-me de braços abertos e fez-me sentir como se estivesse em casa. Depois de dois anos em Vila do Conde, já estava mais adaptado ao País e, por isso, a mudança para Braga foi mais tranquila. Fui muito bem recebido em Braga, e o carinho que recebi notou-se no meu trabalho. Passei lá sete anos e vou ficar com eles na memória por muito tempo.

O que o leva a partir agora?

A situação é um pouco triste, porque tanto eu como a minha família já nos sentíamos em casa em Braga. Mas são coisas do futebol... Temos de ter calma, porque a vida continua.

O cenário da saída foi pensado ou apenas o resultado de o contrato com o Braga estar a terminar?

Apenas porque o contrato está a acabar. No entanto, só tenho de agradecer ao presidente António Salvador, que foi como um pai para mim, pois fui muito bem recebido por ele e temos uma grande amizade. Independentemente de onde estiver, vou torcer sempre pelo clube e jamais o esquecerei.

A final da Liga Europa era a despedida que imaginava?

Os jogadores nunca param para pensar na despedida. No entanto, acredito que me despedi da melhor maneira possível chegando a uma final da Liga Europa e realizando um dos meus sonhos. Estou muito feliz e orgulhoso do que fiz no Braga ao longo destes sete anos.

Sente-se desiludido por não ter representado um dos denominados três grandes?

Não. Hoje, o Braga não perde para nenhum dos grandes. Aposto que muitos jogadores até gostariam de representar o Braga, porque no clube não falta nada, existem todas as condições para darmos o melhor de nós.

Carrega alguma mágoa pelo facto de, em Braga, só ter conquistado uma Taça Intertoto?

Um jogador trabalha sempre para conquistar títulos. Infelizmente, só consegui um, mas penso que o Braga cresceu muito ao longo destes sete anos. Hoje, o Braga é conhecido praticamente no mundo todo e isso deixa-me muito feliz.

Destaca algum momento da passagem pelo Braga?

Não. Todos os momentos que vivi no Braga foram maravilhosos. O que me deixa mesmo satisfeito é que contribuí para o crescimento do clube.

Ao sair, deixa em aberto a vaga de capitão. Que jogador tem as características necessárias para ocupar esse cargo?

No plantel, não havia apenas um capitão; existiam vários. Todos tinham o mesmo direito de fazer o seu comentário, existia um enorme respeito entre todos no grupo, e isso foi a base do nosso crescimento. Eu só espero que continue assim, independentemente de depois vir a ser este ou aquele.

Alan e Mossoró, por exemplo, serão agora dois dos mais antigos do plantel do Braga. Acredita que têm perfil para assumir o cargo de capitão da equipa?

Com certeza. Eles são pessoas maravilhosas que tive o prazer de conhecer, e hoje posso dizer que são meus amigos. Tenho a certeza de que vão dar o melhor lá dentro.

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