Antes de mais é obrigatório dizer ao leitor que, apesar de todas as ocorrências que serão em seguida relatadas, a vitória do Braga não é assim tão complexa de explicar. Pelo contrário. O Braga venceu, porque foi melhor em todos os capítulos do jogo, e nem os maritimistas mais ferrenhos ousarão discordar. De um lado, estiveram centrais maduros, do outro, quase; de um lado, jogaram laterais empreendedores, do outro, passadores; o Braga fez circular a bola, o Marítimo correu com ela; os visitantes foram organizados, os anfitriões jogaram ao sabor do vento.
Apesar de tudo, não foi fácil segurar os três pontos. E se a qualidade de jogo pode ser imputada a Domingos Paciência, o verdadeiro mérito do triunfo reparte-se pelos 14 guerreiros que pisaram a relva. Foram destemidos a cada obstáculo, guerreiros a cada momento e campeões na atitude. A liderança, recuperada após o triunfo do FC Porto, é justíssima.
O primeiro obstáculo foi o golo madrugador (quase tanto como o horário do jogo) de Miguel Ângelo. O segundo a lesão de Hugo Viana, que obrigou à entrada de Madrid e ao recuo das pedras numa fase em que elas deviam avançar. A trave não quis ficar atrás e também dificultou, ainda que Fernando Cardozo tivesse devolvido alguma sorte aos forasteiros no golo do empate. Seguiram-se nova lesão (Rodriguez) e mais uma substituição queimada ainda no primeiro tempo.
Mesmo com o azar longe de terminar, louvor seja dado a quem, entre segurar o ponto e igualar os dragões no topo ou procurar a vitória abrindo espaços à derrota, escolheu a segunda hipótese. De mangas arregaçadas, os guerreiros não desistiram a cada bom lance que desperdiçaram. A escolha estava feita: com tanta insistência, o Braga teria de marcar. Fê-lo da forma mais improvável: penálti aparentemente inexistente, só que a justiça divina assim pedia.
Quanto ao Marítimo, fica a sensação de não estar ainda integrado no sistema de jogo escolhido. Os médios são estáticos, e não existe compensação. E não foi por jogar de manhã, até porque não se notou fadiga nos homens da frente. Chama-se dinâmica. Neste caso, falta dela.
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